Trilhos de Giraldo

16 de Fevereiro de 2013

06H00 AM

Leião, Porto Salvo

O despertador toca para mais um dia “Attalaia” e apesar da hora tardia do recolher, o despertar é vigoroso e o mergulho para a banheira absolutamente essencial para a reposição do bom funcionamento dos neurónios.

O almoço salta para o saco, o café para o termos e à hora marcada, a tripulação está a postos.

Com o destino traçado e as indicações da organização, a equipa apresenta-se na Pastelaria D. Leonor em Évora, com a mesma vontade e o mesmo espírito com que o Giraldo conquistou a cidade, para conquistar o dia.

Como sempre, o ambiente era aquele de regozijo pelo reencontro, o assunto eram as máquinas, as novidades, o carro novo do Noel e o merchandising do Nuno e como não podia deixar de ser, as contas, com o Barrabás.

A turma prepara-se e o briefing é para relembrar tudo aquilo que faz falta para que a experiência valha a pena.

O modus operandi seria o de manter no espelho o parceiro que nos seguia (tentei não perder ninguém de vista mas se em alguma altura estive mais desatenta, queiram aceitar as minhas desculpas), o canal escolhido foi o 25 e o objectivo, disfrutar da paisagem, da natureza, da sanidade, da companhia, da partilha e da boa disposição.

À saída de Évora éramos uma caravana composta e determinada a seguir os trilhos a que o Giraldo se propôs.

O Faria teve falta e fechar a caravana coube ao “Louras”.

Função? Entre outras, fechar as cancelas. :))

Já em terra batida, a paisagem fazia adivinhar um dia muito gratificante.

A actividade do CB era agora “exuberante”. As tentativas de agressão “gayzolas” resvalavam na couraça dos acusados e as duvidas do “Louras” sobre onde estavam as cancelas, levavam a paciência do Barrabás ao rubro.

A primeira paragem para brincar na “poça” e fazer umas fotos, fez calar o CB.

Sem “atascanços” , a caravana seguiu caminho e o CB voltou a encher-se de vida.

O Alentejo tinha apostado em brindar-nos com o seu verde mais bonito e as flores rivalizavam com ele, na tentativa de anunciar a aproximação da primavera.

Pelo caminho, a lama aqui e ali iam permitindo o desafio a que me tinha proposto, tentar fazer com tracção às duas J.

Caso por algum momento tenham sido “aquele” que vinha atrás de mim, a “deselegância” a que não vos habituei no meu desempenho, era mesmo nabice. Prometo aprimorar o estilo “tracção às duas” com a vossa ajuda! :)))

A verdade é que de pocinha em pocinha, chegámos a Machede. A primeira localidade do nosso percurso, onde fomos calorosamente recebidos por um Alentejano que dizia ter 90 anos e provavelmente descendente do Giraldo mas com uma candura que não consta que o Giraldo tenha tido.

Foi com o Giraldo em mente que acabámos conquistando o Castelo de Montoito, mais conhecido por Castelo de Valongo, onde segundo o nosso assessor cultural, o Alexandre, e agora no CB ouvíamos história, o Giraldo se instalava com as suas tropas na altura da conquista da cidade de Évora.

A paisagem não deixava de fazer companhia quando o estômago dos nossos participantes mais pequeninos começou a exigir conteúdo.

Só quem não os tem é que não sabe o rigor dos relógios que eles têm na barriga, e na tentativa de avançar um pouco mais e também de encontrar o melhor sítio para o repasto, lá se conseguiu com aqueles truques que só os pais e as mães sabem fazer, chegar ao local de eleição para desfrutar do almoço na companhia da mãe natureza.

A paragem que tinha carácter urgente para algumas bexigas, resultou numa busca concorrida pelo melhor sobreiro. De volta à base, já o grelhador do Pedro Serra tinha assado o chouriço e estava a modos de receber a entremeada. Pura eficácia! … Mas do Tó, fez questão de esclarecer a Sandra.

Os outros foram instalando as mesas e as cadeiras nos melhores spots e pintando na paisagem um quadro de cores garridas com as novas sweat-shirts do Attalaia.

O Churrasco colectivo ganhava calor, a criançada com o estômago já dominado pintalgava o ambiente de alegria e os petiscos entretanto postos em cima das mesas, concorriam em “apetibilidade” uns com os outros. A perna de presunto na mesa do Barrabás e o Frisante do Nuno, destacavam-se!

Foram duas horas de comunhão com o universo, mas Vila Viçosa ainda estava longe, havia muito caminho para conquistar e o café para tomar em Pias.

Foi também em Pias que resgatámos o ultimo participante e que tive a hilariante oportunidade de ver “alguém”, mascarar o jipe de outro “alguém” de camelo e fugir, mas como não sou de intrigas não posso dizer que foi o puto que há dentro do Barrabás!

Quando a caravana reagrupou e se posicionou para seguir viagem eu ainda me ria.

Inevitavelmente, o aumento de peso ganho ao almoço estava prestes a manifestar-se e no primeiro “lamaçalzinho” com que nos cruzámos, o Noel, agora mais pesado e hesitando ainda com a sua viatura nova, chafurdou a lama e originou aquele que foi o primeiro atascanço do dia mas … da viatura que vinha a seguir. Nada a ver com os atascanços do Barrabás mas a verdade é que o mote estava lançado e mais há frente o filme havia de se repetir, só que desta vez a protagonista foi a minha “Bernardette”. :((

O Nuno que entretanto se colocou pelos próprios meios em local privilegiado para apreciar os atascanços, acabou atascado também. De portas abertas a aguardar o resgate, foi vitima da potência do jipe de “alguém” que o banhou com uma onda de lama que deixou a plateia em suspense a aguardar pela reacção. Permitiu a distância que a separava da ocorrência, apenas imaginar a nuvem de arabescos gauleses que envolveu a viatura.

Ultrapassadas as dificuldades, o caminho era em frente. O silêncio do CB fazia adivinhar aquele cansaço gostoso de dia bem passado quando foi interrompido

por um episódio sui generis. Alguém não gostou de ver uma fila de jipes a passar em frente á sua casa, alegando que não podíamos passar pela ribeira imediatamente a seguir porque iríamos poluir a água dele. Dos jipes assistíamos à tentativa do Louras em apaziguar os ânimos mas quando lhe vimos o braço enfiado nas grades do portão e o indicador espetado, percebemos que se tratava de uma criatura alienígena. Nada a fazer a não ser continuar com o nosso passeio.

Vila Viçosa estava agora mais perto, a luz fazia anunciar o fim do dia e o pensamento ia agora para o jantar que nos esperava. A parte final do percurso levou-nos pelo meio das pedreiras de mármore que deram aos jipes aquele acabamento final requintado, tipo croquete gourmet.

A fome era mais que muita à chegada do “Ninho de Cucus” e a refeição mais que merecida. Nada como acabar o dia ao “som” da comida Alentejana.

Ao Attalaia, um muito obrigado pelo trabalho que teve para nos proporcionar este passeio, pela camaradagem, pelo “saber fazer-nos sentir em casa”, pela partilha, enfim, por serem quem são.

Ao Noel, um muito obrigado por me ter emprestado a antena que me permitiu fazer parte do CB. Ter-me esquecido da minha depois de ter ido de propósito a Setúbal calibrá-la para o passeio, é mesmo de “gaja”.

A todos os outros participantes, a quem peço desde já desculpa por não saber o nome e ter nesta crónica intitulado de “alguém”, um muito obrigado por terem feito parte do meu dia.

Ao David e à Manel, meus companheiros de aventuras, é um prazer partilhá-las com vocês.

Até à próxima!

Maria José Domingos